sábado, 23 de junho de 2012

Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros

Título: Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros
Título Original: Abraham Lincoln: Vampire Hunter
Direção: Timur Bekmambetov
Roteiro: Seth Grahame-Smith
Gênero: Ação/Fantasia/Terror
Duração: 105 Minutos














Imagine um filme dirigido por Zack Snyder. Agora imagine que esse Zack Snyder é uma cópia descarada e sem talento de si mesmo, que se utiliza de técnicas estéticas completamente desnecessárias para preencher artificialmente seu projeto. Por último, imagine que esse Snyder "wannabe", com apenas um filme de grande reconhecimento em seu currículo, seja considerado um visionário e, infelizmente, acredite nisso. Se você tem essa imagem em sua cabeça, já imagina que tipo de onanismo cinematográfico deva esperar, mas, como diz a frase mais clichezenta da história: nada é tão ruim que não possa piorar.

No roteiro escrito por Seth Grahame-Smith (autor do livro que deu origem ao filme), somos primeira apresentados ao icônico Abraham Lincoln (Benjamin Walker) já ostentando sua bela barba enquanto escreve em seu diário. A partir daí somos jogados para o passado, onde conheceremos as situações vividas pelo senhor presidente desde sua infância, passando - e ficando por boa parte da projeção - por sua adolescência e finalmente chegando aos seus dias como presidente of US and A.
Em sua adolescência somos apresentados aos personagens "importantes" da trama como a bela Monica Lewinsky Mary Todd (Mary Elizabeth Winstead), interesse romântico do jovem Lincoln. Também nos é mostrado a volta de Will Johnson (Anthony Mackie), amigo negro de infância que volta a para encontrar com seu velho companheiro. Por último (que foi apresentado primeiro mas eu escrevo na ordem que eu quiser), temos Henry Sturgess (Dominic Cooper), que depois de salvar a vida de Abraham, decide por transformá-lo em um caça-vampiros.

Com furos desde de seu início, o texto de Grahame-Smith é chafurdado em situações absurdas e clichês que vão desde "afeição pessoal que é utilizada para ferir o protagonista" até "romance dificultado pela vigilância noturna do protagonista. Os diálogos são recheados de frases de efeito que são pronunciadas como se tivessem sido escritas por Nietzsche. Todas as falas podem ser comparadas àquele seu amigo burro que você tem adicionado no Facebook: na tentativa de se mostrar inteligente, escreve e posta frases que provavelmente envolvem as palavras "amor", "liberdade" e uma possível metáfora imbecil com pássaros, provavelmente se enchendo de orgulho e dando um sinal de aprovação para sua própria baboseira.

Os personagens do filme são completamente descartáveis, mostrando uma preguiça quase ofensiva do roteirista. Mary Todd aparece como apenas um possível interesse romântico proibido de Lincoln, já que a moça é noiva do clássico "político arrogante que toma chifre da mulher". O interessante é que, após o segundo encontro entre os dois, nos é mostrado um pedido de casamento e, logo após, a cerimônia, sem que nunca nos fosse explicado o que aconteceu com o antigo noivo de Mary, como se o mesmo tivesse simplesmente sumido do planeta.
Tão imbecil quanto é o desenvolvimento do personagem vivido por Dominic Cooper. Henry é dono da "grande" reviravolta da trama, reviravolta essa completamente previsível e nada sutil. O personagem também apresenta um passado e motivação para suas ações donos de uma falta de originalidade dignas de dar inveja a qualquer dono de site de humor.

Somando-se negativamente a tudo isso, temos os péssimos trabalhos dos atores comandados por Bekmambetov. Benjamin Walker (Liam Neeson em sua juventude e caso não tivesse nem um pingo de talento) encarna um Lincoln completamente inexpressivo e completamente sem presença de cena alguma, se preocupando apenas em fazer caras e bocas durante as cenas de ação. Dominic Cooper, também estragado pela escrita de seu papel, em momento algum transparece o sofrimento de seu personagem, e também é dono de uma inexpressividade Kristen Stewartiana. Por final, temos Elizabeth Winstead que só se preocupa em estar em cena e exibir seu bonito rosto.

É interessante também notar como o personagem de Abraham Lincoln é um reflexo de seu diretor. Ao dilacerar as criaturas da noite, o protagonista gira seu machado, dá golpes no ar, pula em paredes e dá piruetas para arrancar cabeças, o que pode servir de exemplo perfeito da direção "overestilosa" de Bekmambetov. O diretor abusa de câmeras lentas, coreografias acrobáticas, cortes rápidos e confusos e até mesmo pequenos flocos de poeira ou pontos de fogo que ficam flutuando pela tela, distraindo e até mesmo irritando o espectador. Bekmambetov também se utiliza de formas patéticas para dar sustos. Incompetente para usar uma atmosfera escura e habitada por criaturas monstruosas, o diretor aposta em rostos feios voando na direção da platéia, utilizando o 3D de uma forma baixa e para esconder a própria inabilidade.

Apelando para uma megalomania visual, Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros é um filme quebrado, sem conteúdo e dono de uma prepotência que o afunda a cada minuto de projeção. Se isso é ser visionário para Hollywood, Timur Bekmambetov sem dúvida alguma é um.


NOTA: 1,5/5


Nenhum comentário:

Postar um comentário