terça-feira, 20 de março de 2012

Protegendo o Inimigo

Título: Protegendo o Inimigo
Título Original: Safe House
Direção: Daniel Spinosa
Roteiro: David Guggenheim
Gênero: Ação
Duração: 115 Minutos














Realmente parece que o desleixo chegou para ficar na terra do cinema. Juntam um elenco talentoso e de faces conhecidas, um rostinho bonito e um corpo gostoso pra liderá-los, uma reviravolta antecedida de muita velocidade, tiros e explosões e acham que é o suficiente para se entregar um projeto minimamente decente. Queridos, tudo isso tem o potencial para dar certo mas, quando entregue em mãos extremamente incompetentes, todo esse potencial é desperdiçado e somos agraciados mais uma vez com a mediocridade das produções hollywoodianas.

A trama conta a história de Matt Weston (Ryan Reynolds), um jovem agente da CIA encarregado de cuidar de uma instalação de segurança na África do Sul. Um belo dia Weston é surpreendido pela notícia de que um criminoso de alto calibre será transferido para ficar sob seus cuidados. Ao receber seu "convidado" o jovem descobre que se trata de Tobin Frost (Denzel Washington), um perigoso ex-agente que agora ganha a vida traindo seu país vendendo informações de inteligência para estrangeiros. Quando a instalação é atacada, Weston precisa transferir Frost sozinho, embarcando em altas confusões (alô globo me contrata).

Nada justifica a estupidez e o quão genérico o roteiro é. O personagem de Reynold nos é apresentado como um mero guarda (um "zelador" como ele é chamado) da instalação, um inteligente e eficiente "homem de escritório" com uma boa formação acadêmica, mas nunca um agente de campo altamente treinado para ser o novo Jason Bourne. Dito isso, chega ser ofensivo como o texto tenta sempre empurrar goela abaixo certas situações. Do início ao fim da projeção, Weston se mostra extremamente hábil ao dirigir um carro em alta velocidade, lutar e até mesmo manejar um arma, não exitando nem tremendo em momento algum, demonstrando uma frieza e destreza inverossímil para um "agente" de seu porte. Não satisfeito, o roteirista tenta nos forçar a acreditar que, ao transportar um criminoso extremamente perigoso e treinado, o jovem o faria colocando seu inimigo no porta-malas de um carro onde nenhum de seus movimentos pode ser visto e, alguns momentos depois, o deixaria controlar o carro no qual ambos seguem para outro esconderijo, permitindo a Frost um controle maior ainda da situação e até mesmo a possibilidade de uma fuga.

Como todo bom filme medíocre, raso e sem qualquer lapso de originalidade, o roteiro de Protegendo o Inimigo tenta se sustentar em dois artifícios: uma reviravolta sem graça e um final supostamente bom e empolgante, tentando agradar o publico no final da sessão e fazê-lo esquecer toda baboseira a qual foram submetidos durante quase duas horas. O problema é que se sozinhos esses dois artifícios já são de uma baixaria reprovável, é torturante quando essa reviravolta se mostra extremamente previsível e manjada e o final é tolo e igualmente sem inspiração.

Pra piorar essa situação desagradável temos a bagunça completa que é a direção de Daniel Spinosa. Já começando a demonstrar sua necessidade de tentar inventar e complicar as coisas na sequência de abertura, o diretor não consegue conduzir UMA cena com o impacto emocional necessário, fazendo com que seu timing e falta de habilidade prejudique alguns momentos das boas atuações presentes em seu filme.

ai meu deus que Bom seria se esse fosse o maior problema da condução do filme, mas a desgraça não termina por aí. Spinosa demonstra ter a habilidade de um portador de Parkinson (beijo J.Fox) com a câmera na mão. Além de não saber onde posicionar seu equipamento, o diretor não sabe controlá-lo de forma decente, filmando as cenas com um irritante tremelique constante que, juntamente com sua falha tática de filmar em planos fechados e a nauseante mania de aplicar muitos e rápidos cortes, estragam as cenas de ação que poderiam salvar o filme, tornando-as confusas e enfurecedoras já que o espectador não consegue ver o que está acontecendo na sua frente. Spinosa também investe em movimentos de câmera estranhos, incômodos e desnecessários, comprovando que tenta imprimir uma direção frenética mas só consegue provocar algumas dores de cabeça.

Mesmo com tudo isso eu seria injusto se não citasse a única coisa boa que o diretor traz para o filme: sua direção de atores. Tudo bem, ele tem nas mãos um talentoso elenco que não necessita muito esforço para ser coordenado, mas não seria correto deixar que passe desapercebido o bom trabalho que Spinosa faz nesse sentido. Correndo por fora temos Vera Farmiga e Brendan Gleeson que, vivendo personagens completamente unidimensionais e com uma importância completamente forçada na trama, atuam no piloto automático, sem muito esforço, fazendo o suficiente para não comprometer mais ainda as cenas em que aparecem. Liderando com seu talento e presença já demonstrados em outras oportunidades, temos um Denzel Washington extremamente confortável e encarnando muito bem seu Tobin Frost como um homem durão, calado e imponente, mas que também é machucado, dando uma realidade necessária a seu personagem. Ao seu lado temos Ryan Reynolds que, com uma atuação instável, reveza entre a inexpressividade e uma boa atuação, principalmente ao retratar o nervosismo e/ou dor de seu personagem em algumas situações. Mesmo assim é claramente notável como Denzel engole Reynolds sem cerimônia nas cenas em que contracenam juntos.

No fim, Protegendo o Inimigo é realmente apenas isso: um roteiro capenga e sem originalidade e uma direção pífia que beirando o patético, estragam as fortes atuações de seus protagonistas.



NOTA: 2/5

sexta-feira, 16 de março de 2012

Projeto X - Uma Festa Fora de Controle

Título: Projeto X - Uma Festa Fora de Controle
Título Original: Project X
Direção: Nima Nourizadeh
Roteiro: Matt Drake, Michael Bacall
Gênero: Comédia
Duração: 87 Minutos















Mais um fruto da febre de Mockumentaries, Projeto X tenta levar os filmes de adolescente a um outro nível quase catastrófico. Mesmo com cenas divertidas aqui e pares de peitos ali, o filme escorrega. E escorrega feio, transformando uma viagem que poderia ser extremamente proveitosa em algo muito mais problemático e incômodo que um anão no forno.

A história, como já é de se esperar, é simples: Thomas (Thomas Mann) é um quieto garoto que reside no subúrbio de uma cidade da Califórnia. Quando seus pais saem em uma viagem para comemorar o aniversário de casamento, seus amigos Costa (Oliver Cooper) e JB (Jonathan Brown) o convencem de dar um grande festa em sua casa para mudar os status dos três amigos perante seus colegas de escola. Tendo sido planejada como grande, a festa sai do controle dos rapazes e se torna um verdadeiro caos nunca antes registrado.

É interessante reparar como o filme e sua história seguem o mesmo rumo. A projeção começa bem, apresentando seu clima despretensioso enquanto introduz seus caricatos personagens com algumas cenas divertidas, mas sai do controle no meio do caminho tanto em roteiro quanto em direção, transformando suas piadas já pouco engraçadas e desnecessariamente "agressivas" em algo completamente gratuito e forçado, estragando a possibilidade de alguns risos que pudessem ser mostrados em pontuais momentos da película. Ainda nesse mérito, chega a ser agoniante perceber como os roteiristas tentam praticamente arrancar as risadas para fora do expectador durante todo o longa, fazendo com que o tiro saísse pela culatra sem que percebessem.

Mesmo assim um dos dois grandes defeitos do filme reside em seus personagens: desenhos unidimensionais que deram certo em alguns outros projetos, o trio que já vimos em outras melhores oportunidades está de volta em Projeto X: o nerd caladão e tímido que nutre uma paixão secreta pela amiga e acaba se dando bem com a gostosona da escola, o amigo tarado que acha que entende tudo sobre sexo e está sempre tentando se dar bem e o gordinho nerdão que aparenta ter algum tipo de retardo mental e serve como o bobo da corte do trio. Como um estranho no grupo surge Dax (Dax Flame), um dos personagens mais descartáveis, desinteressantes e forçados que já vi nos últimos tempos que ser apenas para ser o encarregado de filmas as estripulias dos três amigos. Além de tudo isso as adições ao longo da projeção não funcionam e são completamente exaustivas e entediantes. Os dois "seguranças" mirins da festa ganham toda uma sem graça trama paralela que, além de desnecessária, é completamente inverossímil (ninguém contraria duas crianças daquelas para serem seguranças de uma festa gigante e em lugar nenhum duas crianças estariam presentes naquele tipo de festa ou vagando pela rua tarde da noite), sem contar os furos de roteiro que esses personagens acrescentam ao já furado script. O anão que simplesmente surge no meio do caos já instalado além de uma outra repetição do que já se viu antes - mostrando a falta de originalidade da produção - é parte da tentativa de arrancar risos forçadamente antes citada, não funcionando em momento algum.

Comandando tudo isso temos o diretor Nima Nourizadeh que em momento algum faz sequer um pequeno esforço pra tentar melhorar as coisas. Claramente apenas saciando uma tremenda vontade de filmar belos pares de peitos balançando e deliciosas bundas (Não que eu esteja reclamando, claro), Nourizadeh até começa o filme firmemente, mas simplesmente mostra uma tremenda incompetência - assim como aconteceu com Josh Trank em "Poder sem Limites" - ao trabalhar com Mockumentary. O diretor simplesmente esquece que estilo está trabalhando e começa a filmar cenas que não são feitas no estilo câmera na mão, atingindo o auge do constrangedor ao transformar a cena do final da apoteótica festa em um grande clipe da música da banda Metallica. A cena até funciona, mas estamos falando de cinema, de um Mockumentary e não de um clipe musical, o que parece não passar na cabeça do diretor em determinados momentos de seu trabalho.


Prometendo muito mais do que entrega, Projeto X é exatamente como a festa que o protagoniza: divertido pontualmente, recheado de mulheres maravilhosas mostrando tudo que possuem de melhor e empolgante para alguns, mas seus realizadores perdem o controle e acabam deixando tudo se tornar mais problemático do que planejaram que seria.

Obs: a trilha sonora é inacreditavelmente boa, roubando a cena de toda a projeção e superando muito o filme em qualidade. Compre o CD, escute em sua casa e terá gasto muito mais proveitosamente seu dinheiro.



NOTA: 2/5

quinta-feira, 15 de março de 2012

John Carter - Entre Dois Mundos

Título: John Carter - Entre Dois Mundos
Título Original: John Carter
Direção: Andrew Stanton
Roteiro: Andrew Stanton, Mark Andrews e Michael Chabon
Gênero: Fantasia
Duração: 132 Minutos













Mais um diretor que sai das animações dos estúdios Pixar para os Live action, Andrew Stanton mostra mais uma vez com sua grande perícia o tipo de talento que o estúdio tem em mãos. Trabalhando pela primeira vez com atores reais, o diretor não se mostra acanhado e consegue deslumbrar visualmente o espectador em sua nova empreitada, mas decepciona os conhecedores de seu talento ao não trazer o talento de escrita que demonstrou em "Wall-E".

O roteiro traz a história de John Carter (Taylor Kitsch), um veterano de guerra que para não voltar ao campo de batalha e não ser morto por uma tribo indígena, foge para as montanhas (hihi) até chegar em uma caverna onde encontra um misterioso homem que traz consigo um igualmente misterioso objeto que o transporta para um estranho local. Lá, Carter encontra um estranho povo nativo liderado por Tars Tarkas (Willem Dafoe) que vive no meio de uma guerra entre dois povos. Fugindo do casamento forçado que seu pai, Rei de um dos povos em guerra, quer impor para tentar uma trégua, a bela princesa Dejah Thoris (Lynn Collins) encontra com o perdido John Carter, que vai entrar no meio de uma guerra entre dois povos para ser o salvador que a princesa tanto precisa.

Tendo em mãos o potencial de uma épica história fantástica, os escritores decepcionam ao sabotar o próprio projeto pesando a mão "Disneyland" em seu roteiro. Muitos defendem a visão de que sua clichê história não deve ser julgada, pois o livro no qual a obra é baseada foi escrito bem antes de todas as outras que levaram o tema "mocinho que adota o lado da guerra do povo estranho por causa de um par de peitos" à exaustão, mas um filme deve funcionar independente de seu material original e, no meio de todos os outros exemplos que transformaram tal argumento em clichê, o roteiro se perde, tornando-se enfadonho, sem graça e apresentando a originalidade de um espelho.

Trabalhando com uma história bobinha e melodramática, o texto além de conter furos estranhos ( a utilização da frase "a sensação de deixar uma luz acesa ou uma porta aberta" sendo utilizada por um personagem vindo do ano de 1880 e alguma coisa e o fato de John Carter assassinar uma entidade divina IMORTAL com um tiro ganham destaque) também força o expectador a acreditar que um líder de uma nação nativa ajudaria seu antigo prisioneiro a combater uma guerra que, em uma época anterior, seu povo preferia não se envolver por questões de segurança, apenas para que esse pudesse ganhar o coração (e todo o resto) de sua desejada.

Tudo no filme parece forçado e artificial. Mesmo com o trabalho individual seguro dos atores, a tensão amorosa entre Carter e Thoris nunca funciona, descambando mais tarde para um melodrama inacreditável que chega a dar náuseas até mesmo ao expectador de estômago mais forte. Grande parte desse problema reside na falta de química entre os atores que em determinadas partes parecem que, mesmo se odiando, foram forçados a trabalhar juntos formando um par romântico, mas as mãos descuidadas dos roteiristas também se fazem sentir em cada diálogo desnecessariamente "amoroso".

O talento de Stanton chega pra salvar (MESMO) a película do desastre completo. Mesmo começando de maneira fraca ao não conseguir implantar um tom Western interessante no começo do filme - mesmo com a divertida escolha de montagem na sequência em que o protagonista se encontra prisioneiro do "Tio Sam" - o diretor utiliza bem os belos recursos visuais (falhos em alguns momentos, devo admitir) que possui para criar cenas divertidas e empolgantes, como as cenas da batalha na arena e a emboscada no deserto, que mostram a habilidade de Andrew e seguram por alguns instantes a atenção e a respiração de qualquer um. Além disso o tom de humor do filme é muito bem trabalhado, fazendo com que todas as piadas e gags funcionem muito bem, não caindo no constrangedor e trazendo algo de bom para uma problemática produção.

Sendo um filme Disney de Ação/Fantasia, "John Carter - Entre Dois Mundos" com certeza decepciona por seus problemas de roteiro e tom, mas consegue divertir com algumas de suas empolgantes cenas de ação e sua execução visual deslumbrante. Mesmo assim fica o gosto do desperdício de um interessante e bonito mundo e de um potencial para um filme ÉPICO.

P.S¹: Obrigado Disney por trazer uma musa verdadeiramente GOSTOSA e não as magrelas com as quais estamos habituados a aturar.

P.S²: O 3D do filme é bom, mas só é realmente bem percebido no belo travelling que inicia a projeção.


NOTA: 3/5

quinta-feira, 8 de março de 2012

Anjos da Noite 4 - O Despertar

Título: Anjos da Noite 4 - O Despertar
Título Original: Underworld: Awakening
Diretor: Mans Marlind e Bjorn Stein
Roteiro: Len Wiseman, John Hlavin, J.Michael Straczynski e Allison Burnett
Gênero: Ação/Terror
Duração: 88 Minutos













Você pega a Kate Beckinsale, coloca ela em uma roupa de couro, arma na mão e sendo uma vampira. Junta tudo isso com mais vampiros e adiciona lobisomens. Adicione uma guerra entre lobisomens e vampiros. Adicione a mesma Kate Beckinsale atirando em tudo e todos que entram em sua frente. Não tem como sair algo ruim, certo? Errado! Jogue tudo isso no colo de diretores e roteiristas incompetentes e você verá todo esse mundo bonito, maravilhoso e sangrento afundar como um pequeno e indefeso barco de madeira ao se chocar contra uma pedra.

O texto escrito por nada mais, nada menos que 5 roteiristas (sempre um "Red Alert" cinematográfico) traz de volta a vampira caçadora Selene (Kate Beckinsale). Os humanos descobriram que outras espécies moram entre eles e decidiram por caçar e expurgá-los. No meio disso, Selene tenta fugir com seu amor, um híbrido caçado pelos Lycans. No meio da fuga os dois são capturados e levados para o laboratório de uma corporação. Selene é misteriosamente libertada e corre atrás para saber onde está, qual o motivo de ter ido parar ali e quem a libertou.

É agoniante saber que 5 mãos escreveram esse filme. A história é praticamente inexistente e o que existe é completamente confuso. Nunca sabemos se o filme se trata da busca da protagonista, do expurgo das raças, da contínua guerra entre Lycans e Vampiros ou da "reviravolta" que acontece logo em seu começo. Perdido em sua própria história, o roteiro é claramente uma simples desculpa para uma punhetagem visual inacreditável, que nem mesmo é competente para cobrir as falhas do script. Recheado de diálogos risíveis que beiram o patético, o texto ainda escracha a preguiça e falta de cuidado de seus escritores ao apresentar o policial Kolb (Jacob Blair) como parceiro inexperiente e incômodo do detetive Sebastian (Michael Ealy) que, sem explicações ou qualquer tipo de preocupação, some da projeção de forma abrupta, como se os roteiristas tivessem simplesmente se esquecido que criaram aquele personagem algum dia.

Ainda no quesito personagens somos apresentados à menina Eve (India Eisley) que deveria apresentar algum tipo de importância a trama, mas sua história nunca é realmente explicada, sua importância nunca realmente mostrada e a personagem é rasa como uma piscina infantil, deixando em cena apenas mais um rostinho bonito de enfeite.

Tendo em mãos um roteiro tão problemático e rasteiro, os diretores não se esforçam nem um pouco para melhorar as coisas. Trabalhando com o visual "over" e fora de tom de todo o filme - desde figurinos a interiores - que já é característico da série, Marlind e Stein apresentam sempre cenas de ação sem graça, apostando na violência e sanguinolência de suas sequências que não funcionam em momento algum, chegando a constranger o espectador já que criar cenas divertidas e empolgantes envolvendo uma gostosa e alguns lobos e vampiros deveria ser obrigação de qualquer diretor que ousa lançar um filme. Essa escolha pelo gore poderia ser vista como corajosa, mas ao vermos como os diretores conduzem o filme, logo percebemos que servem como metáfora para os clássicos adolescentes "Macho Alfa". Explico: a câmera sempre procura pelos ângulos mais "reveladores" de Beckinsale e sua apertada e maravilhosa roupa de couro, mostrando seus seios ou bunda em close sempre que uma pose mais elástica os realça, mas quando temos a protagonista nua, toda a coragem desaparece instantaneamente e em vez de uma cena épica que salvaria parte da projeção, somos agraciados pelos braços da atriz cobrindo seus dotes e truques de câmeras para esconder os corpo desnudo da mesma.

Piorando um pouco mais as coisas temos um elenco ímpar. Todos parecem ter saído de uma câmara de congelamento facial exibindo uma inexpressividade torturante durante todos os longos 90 minutos de filme. A única que consegue sair desse estado é Beckinsale que consegue alternar entre a inexpressividade e a velha tática de qualquer vestibulando ou aluno de ensino médio ao encarar uma prova de múltipla escolha: utilizando uma cara de assustada/surpresa em toda a projeção, a atriz acaba por acertar em alguns momentos, fazendo com que sua quase careta combine com a cena e situação na qual se encontra, tornando tudo um pouco menos patético.

Mesmo assim esse filme me fez pensar e chegar a duas certeiras conclusões:

1) Logo algum programa de filmes da madrugada de um canal aberto se deliciará com toda a franquia Anjos da Noite.

2) Toda a franquia deveria seguir seu nome original e se jogar no submundo das produções Hollywoodianas.


NOTA: 1.5/5

Poder Sem Limites

Título: Poder Sem Limites
Título Original: Chronicle
Direção: Josh Trank
Roteiro: Josh Trank, Max Landis
Gênero: Ação
Duração: 84 Minutos














Temos aqui mais um produto da onda "found footage" que toma conta das produções recentes, mas que, ao contrário de muitos, se utiliza bem do estilo e acaba dando uma roupagem nova e interessante para os filmes de heróis. Triste é constatar que o mesmo artifício que deixa tudo divertido, diferente e agradável, é também o que quase afunda o filme quando o diretor perde a mão e não consegue controlar o estilo que escolheu para seu projeto.

O filme acompanha a história de três adolescentes que no meio de uma festa encontram um estranho buraco em uma floresta e resolvem investigar. Sempre com sua câmera na mão, o jovem Andrew Detmer (Dane DeHaan), junto com seu primo Matt Garetty (Alex Russell) e seu colega de escola Steve Montgomery (Michael B. Jordan) entra na misteriosa cratera para investigar seu conteúdo. Registrando tudo a partir dali, os jovens encontram um estranho e barulhento objeto que provoca estranha reações físicas e acaba por dar super poderes aos três garotos. Tudo corre bem até que o acontecido sobe à cabeça de um deles provocando terríveis consequências.

Os maiores acertos do filme consistem em sua construção e seus personagens. O roteiro acerta ao retratar o trio como o que realmente são (adolescentes inconsequentes), adotando um certo tom de comédia e apresentando cenas extremamente divertidas envolvendo a relação entre os personagens que falarei mais à frente. Aparentemente sabotando tudo que possui de melhor, a película acaba por pecar ao adicionar a personagem Casey vivida por Ashley Hinshaw que não apresenta nenhum tipo de importância para a trama, servindo apenas como tripé de uma outra câmera que mostra apenas seu rostinho bonito e uma história romântica sem química, graça ou qualquer tipo de necessidade.

Quando foca em seus personagens principais, o projeto ganha muita força. Trabalhando com a clássica máxima de que "com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades", o filme é completinho em formar seu vilão. Está tudo lá: a motivação, os problemas emocionais, os problemas dentro de casa, a rejeição, o "bullying" escolar e o gatilho que é puxado para que tudo desmorone de vez na atormentada mente do jovem, que deixa que o poder o consuma e sua vingança e descontrole venham à tona. Junto disso caminha Matt, que é o mais descartável dos três mas, quando junto de Andrew, se torna importante, servindo como uma tentativa de força moderadora e controladora ao se impor diante do descontrole do amigo. Por último temos o estereótipo clássico do boa pinta do High School: Steve é popular, divertido, extrovertido e de uma eloquência ímpar que, com a boa atuação de Jordan (assim como a de todo elenco), se transforma no melhor personagem do filme usado inteligentemente como ponto de transição do tom do filme.

Entre acertos e erros, o diretor Josh Trank até faz um bom trabalho se tirarmos uma média. Fazendo a escolha acertada de trabalhar com um "found footage", Trank cria a desculpa perfeita para mostrar as cenas mais divertidas do filme que mostram a interação entre os jovens que descobrindo as maravilhas de seus poderes, passam a brincar e usá-los para pura e simples diversão, levando junto de si o espectador. Evoluindo corretamente o filme com um belo ritmo, o diretor passa por todas as situações com firmeza, levando sua obra ao competente clímax de forma divertida e tensa, sempre alternando o tom para que a tensão e a agonia não seja recebida mais à frente como um soco no estômago de quem está assistindo quando o filme descamba de vez para um clima tenso e sufocante.

Com tudo isso é triste ver o diretor quase sabotar o próprio filme ao não manter durante toda a projeção. Além da adição desnecessária da câmera portada pelo interesse romântico de Matt, Trank em alguns momentos mostra algumas situações em que se é muito difícil de acreditar que alguém realmente levaria uma câmera para registar tudo aquilo tanto por falta de necessidade, quanto por ser extremamente não prático dentro da situação que o personagem se encontra. Somando a isso, o diretor parece se esquecer que está fazendo um filme "found footage" e filma cenas que acontecem sem nenhum tipo de "câmera amadora" filmando ou até mesmo por perto, apresentando um grande furo no estilo que escolheu adotar.

No fim, Poder sem Limites é como a adolescência: divertido, um pouco problemático e despretensioso, mas com erros maiores que quase colocam tudo a perder.


NOTA: 3.5/5