quinta-feira, 8 de março de 2012

Poder Sem Limites

Título: Poder Sem Limites
Título Original: Chronicle
Direção: Josh Trank
Roteiro: Josh Trank, Max Landis
Gênero: Ação
Duração: 84 Minutos














Temos aqui mais um produto da onda "found footage" que toma conta das produções recentes, mas que, ao contrário de muitos, se utiliza bem do estilo e acaba dando uma roupagem nova e interessante para os filmes de heróis. Triste é constatar que o mesmo artifício que deixa tudo divertido, diferente e agradável, é também o que quase afunda o filme quando o diretor perde a mão e não consegue controlar o estilo que escolheu para seu projeto.

O filme acompanha a história de três adolescentes que no meio de uma festa encontram um estranho buraco em uma floresta e resolvem investigar. Sempre com sua câmera na mão, o jovem Andrew Detmer (Dane DeHaan), junto com seu primo Matt Garetty (Alex Russell) e seu colega de escola Steve Montgomery (Michael B. Jordan) entra na misteriosa cratera para investigar seu conteúdo. Registrando tudo a partir dali, os jovens encontram um estranho e barulhento objeto que provoca estranha reações físicas e acaba por dar super poderes aos três garotos. Tudo corre bem até que o acontecido sobe à cabeça de um deles provocando terríveis consequências.

Os maiores acertos do filme consistem em sua construção e seus personagens. O roteiro acerta ao retratar o trio como o que realmente são (adolescentes inconsequentes), adotando um certo tom de comédia e apresentando cenas extremamente divertidas envolvendo a relação entre os personagens que falarei mais à frente. Aparentemente sabotando tudo que possui de melhor, a película acaba por pecar ao adicionar a personagem Casey vivida por Ashley Hinshaw que não apresenta nenhum tipo de importância para a trama, servindo apenas como tripé de uma outra câmera que mostra apenas seu rostinho bonito e uma história romântica sem química, graça ou qualquer tipo de necessidade.

Quando foca em seus personagens principais, o projeto ganha muita força. Trabalhando com a clássica máxima de que "com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades", o filme é completinho em formar seu vilão. Está tudo lá: a motivação, os problemas emocionais, os problemas dentro de casa, a rejeição, o "bullying" escolar e o gatilho que é puxado para que tudo desmorone de vez na atormentada mente do jovem, que deixa que o poder o consuma e sua vingança e descontrole venham à tona. Junto disso caminha Matt, que é o mais descartável dos três mas, quando junto de Andrew, se torna importante, servindo como uma tentativa de força moderadora e controladora ao se impor diante do descontrole do amigo. Por último temos o estereótipo clássico do boa pinta do High School: Steve é popular, divertido, extrovertido e de uma eloquência ímpar que, com a boa atuação de Jordan (assim como a de todo elenco), se transforma no melhor personagem do filme usado inteligentemente como ponto de transição do tom do filme.

Entre acertos e erros, o diretor Josh Trank até faz um bom trabalho se tirarmos uma média. Fazendo a escolha acertada de trabalhar com um "found footage", Trank cria a desculpa perfeita para mostrar as cenas mais divertidas do filme que mostram a interação entre os jovens que descobrindo as maravilhas de seus poderes, passam a brincar e usá-los para pura e simples diversão, levando junto de si o espectador. Evoluindo corretamente o filme com um belo ritmo, o diretor passa por todas as situações com firmeza, levando sua obra ao competente clímax de forma divertida e tensa, sempre alternando o tom para que a tensão e a agonia não seja recebida mais à frente como um soco no estômago de quem está assistindo quando o filme descamba de vez para um clima tenso e sufocante.

Com tudo isso é triste ver o diretor quase sabotar o próprio filme ao não manter durante toda a projeção. Além da adição desnecessária da câmera portada pelo interesse romântico de Matt, Trank em alguns momentos mostra algumas situações em que se é muito difícil de acreditar que alguém realmente levaria uma câmera para registar tudo aquilo tanto por falta de necessidade, quanto por ser extremamente não prático dentro da situação que o personagem se encontra. Somando a isso, o diretor parece se esquecer que está fazendo um filme "found footage" e filma cenas que acontecem sem nenhum tipo de "câmera amadora" filmando ou até mesmo por perto, apresentando um grande furo no estilo que escolheu adotar.

No fim, Poder sem Limites é como a adolescência: divertido, um pouco problemático e despretensioso, mas com erros maiores que quase colocam tudo a perder.


NOTA: 3.5/5

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