quinta-feira, 15 de março de 2012

John Carter - Entre Dois Mundos

Título: John Carter - Entre Dois Mundos
Título Original: John Carter
Direção: Andrew Stanton
Roteiro: Andrew Stanton, Mark Andrews e Michael Chabon
Gênero: Fantasia
Duração: 132 Minutos













Mais um diretor que sai das animações dos estúdios Pixar para os Live action, Andrew Stanton mostra mais uma vez com sua grande perícia o tipo de talento que o estúdio tem em mãos. Trabalhando pela primeira vez com atores reais, o diretor não se mostra acanhado e consegue deslumbrar visualmente o espectador em sua nova empreitada, mas decepciona os conhecedores de seu talento ao não trazer o talento de escrita que demonstrou em "Wall-E".

O roteiro traz a história de John Carter (Taylor Kitsch), um veterano de guerra que para não voltar ao campo de batalha e não ser morto por uma tribo indígena, foge para as montanhas (hihi) até chegar em uma caverna onde encontra um misterioso homem que traz consigo um igualmente misterioso objeto que o transporta para um estranho local. Lá, Carter encontra um estranho povo nativo liderado por Tars Tarkas (Willem Dafoe) que vive no meio de uma guerra entre dois povos. Fugindo do casamento forçado que seu pai, Rei de um dos povos em guerra, quer impor para tentar uma trégua, a bela princesa Dejah Thoris (Lynn Collins) encontra com o perdido John Carter, que vai entrar no meio de uma guerra entre dois povos para ser o salvador que a princesa tanto precisa.

Tendo em mãos o potencial de uma épica história fantástica, os escritores decepcionam ao sabotar o próprio projeto pesando a mão "Disneyland" em seu roteiro. Muitos defendem a visão de que sua clichê história não deve ser julgada, pois o livro no qual a obra é baseada foi escrito bem antes de todas as outras que levaram o tema "mocinho que adota o lado da guerra do povo estranho por causa de um par de peitos" à exaustão, mas um filme deve funcionar independente de seu material original e, no meio de todos os outros exemplos que transformaram tal argumento em clichê, o roteiro se perde, tornando-se enfadonho, sem graça e apresentando a originalidade de um espelho.

Trabalhando com uma história bobinha e melodramática, o texto além de conter furos estranhos ( a utilização da frase "a sensação de deixar uma luz acesa ou uma porta aberta" sendo utilizada por um personagem vindo do ano de 1880 e alguma coisa e o fato de John Carter assassinar uma entidade divina IMORTAL com um tiro ganham destaque) também força o expectador a acreditar que um líder de uma nação nativa ajudaria seu antigo prisioneiro a combater uma guerra que, em uma época anterior, seu povo preferia não se envolver por questões de segurança, apenas para que esse pudesse ganhar o coração (e todo o resto) de sua desejada.

Tudo no filme parece forçado e artificial. Mesmo com o trabalho individual seguro dos atores, a tensão amorosa entre Carter e Thoris nunca funciona, descambando mais tarde para um melodrama inacreditável que chega a dar náuseas até mesmo ao expectador de estômago mais forte. Grande parte desse problema reside na falta de química entre os atores que em determinadas partes parecem que, mesmo se odiando, foram forçados a trabalhar juntos formando um par romântico, mas as mãos descuidadas dos roteiristas também se fazem sentir em cada diálogo desnecessariamente "amoroso".

O talento de Stanton chega pra salvar (MESMO) a película do desastre completo. Mesmo começando de maneira fraca ao não conseguir implantar um tom Western interessante no começo do filme - mesmo com a divertida escolha de montagem na sequência em que o protagonista se encontra prisioneiro do "Tio Sam" - o diretor utiliza bem os belos recursos visuais (falhos em alguns momentos, devo admitir) que possui para criar cenas divertidas e empolgantes, como as cenas da batalha na arena e a emboscada no deserto, que mostram a habilidade de Andrew e seguram por alguns instantes a atenção e a respiração de qualquer um. Além disso o tom de humor do filme é muito bem trabalhado, fazendo com que todas as piadas e gags funcionem muito bem, não caindo no constrangedor e trazendo algo de bom para uma problemática produção.

Sendo um filme Disney de Ação/Fantasia, "John Carter - Entre Dois Mundos" com certeza decepciona por seus problemas de roteiro e tom, mas consegue divertir com algumas de suas empolgantes cenas de ação e sua execução visual deslumbrante. Mesmo assim fica o gosto do desperdício de um interessante e bonito mundo e de um potencial para um filme ÉPICO.

P.S¹: Obrigado Disney por trazer uma musa verdadeiramente GOSTOSA e não as magrelas com as quais estamos habituados a aturar.

P.S²: O 3D do filme é bom, mas só é realmente bem percebido no belo travelling que inicia a projeção.


NOTA: 3/5

Nenhum comentário:

Postar um comentário