sábado, 4 de agosto de 2012

Ruby Sparks

Título: Ruby Sparks
Título Original: Ruby Sparks
Direção: Jonathan Dayton e Valerie Faris
Roteiro: Zoe Kazan
Gênero: Comédia/Romance
Duração: 104 Minutos














Falar de amor/relacionamentos em Hollywood ficou batido. Salvo algumas exceções, sempre somos apresentados a filmes formulaicos, melosos e superficiais, que se esforçam ao máximo para arrancar suspiros de menininhas através do rosto de um bonito ator e seus atos heroicos para conquistar a passiva amada. Assim sendo, é bom quando vemos na tela uma história mais sutil e que, mesmo embalada em um realismo fantasioso, se mostra mais "pé no chão".

O novo projeto dos diretores de "Pequena Miss Sunshine" conta a história de Calvin (Paul Dano), um jovem e solitário escritor que vem lidando com um bloqueio criativo. Após idealizar, literalmente, a garota de seus sonhos, Calvin passa a escrever sobre a menina que o amaria por quem ele é. O que o jovem novelista não esperava é que o romance de seus sonhos acabaria se tornando real.

É engraçado que, mesmo utilizando alguns dos elementos clichês de filmes românticos, Zoe Kazan ainda consegue escrever um roteiro convincente e interessante, sempre caminhando bem entre o romance e a comédia. Nunca apelando para diálogos extremamente emotivos ou exagerados, Kazan desenvolve o relacionamento entre o casal de protagonistas muito bem, mostrando a paixão e felicidade que domina Calvin a cada dia que passa junto com sua musa, mas que logo se afunda em depressão à medida que a história se desenrola.

O bom trabalho no desenvolvimento do romance entre o casal é muito bom, mas a grande força do roteiro reside em seu "interior" e seus personagens. Utilizando essa capa de fantasia, o texto trata da idealização de uma mulher ou relacionamento. Ruby é inteiramento do jeito que Calvin deseja e seu relacionamento idem, mas, quando a idealização toma vida, voltamos para o mundo real e ela passa a seguir seus próprios passos e tentar tomar controle disso (do jeito divertido e, mais pra frente, caótico do filme) pode acabar tornando tudo pior.

No campo de personagens somos expostos a figuras interessantes. Temos o clichê humano ambulante que é o irmão de Calvin vivido por Chris Messina, a exótica mãe do protagonista interpretada pela querida Annette Bening e o divertido padrasto de Calvin incorporado por Antonio Banderas. Além deles, Calvin é o escritor solitário, enrustidamente egocêntrico, controlador (ponto importante para a história) e atormentado pelo precoce sucesso, a falta de um "verdadeiro amor" e a situação que a vida o coloca quando o tão sonhado relacionamento chega. Até que chegamos a ela...

Ruby Sparks. A bela Ruby Sparks vivida muito bem por Zoe Kazan, com seus hipnotizantes olhos azuis, lindos e desarrumados cabelos ruivos e um belo corpo magro que sustenta o redondo e delicado rosto da menina. Sparks é, por mais amarras que a prenda, livre, divertida, meiga, estranhamente sedutora e seguramente louca. Uma mulher que realmente só poderia ter sido idealizada pela mente de um solitário e deslocado rapaz. Impossível não se apaixonar.

Conduzindo isso tudo, Jonathan Dayton e Valerie Faris fazem um bom trabalho ao apostarem em planos simples, deixando que a história tome conta do filme, e não exageros que não encaixariam no projeto. Os diretores também conseguem carregar o ritmo do longa muito bem, principalmente quando precisam o tirar do clima leve e descontraído que vinham adotando e jogá-lo em um tom quase sombrio.

Trazendo uma deliciosa e apaixonante história, Ruby Sparks, além da mulher dos sonhos de muitos, é também um belo filme que trata da busca pelo amor verdadeiro, a idealização de um romance e de uma mente solitária, controladora e conturbada que sente um buraco dentro de si. Ruby Sparks também tenta mostrar que na vida e, aparentemente, também no amor, as vezes é necessário se libertar e recomeçar.


NOTA: 4/5

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